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Vitória, ES, Brazil
Alguém que busca poesia no entre da vida.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

A PAZ

A paz é realmente uma sensação incomparável e indescritível.
Aprendo todo dia que ela amadurece comigo
e não depende do estado de humor ou de condições favoráveis.
Gosto de compará-la às raízes extensas de uma árvore plantada
à beira do rio que nos dias quentes e secos
sobrevive da reserva das águas submersas.
É assim que sinto a paz inundando meu corpo, meu ser.
Assim como as águas submersas, a paz está lá.
Ela é real.
É fato em mim.

sábado, 18 de dezembro de 2010

PROCESSO

Hoje uma etapa superada
mas não completa.
Que já acena possíveis
ajustes para amahã
É desse jeito que a vida se dá.
Um pouquinho aqui
Outro pouquinho ali.
Ao mesmo tempo que traz a sensação de realização deixa a de incompletude.

sábado, 11 de dezembro de 2010

Ah! Manoel

Uso a palavra para compor meus silêncios.
Não gosto das palavras
fatigadas de informar.
Dou mais respeito às que vivem de barriga no chão
tipo água pedra sapo.
Entendo bem o sotaque das águas.
Dou respeito às coisas desimportantes
e aos seres desimportantes.
Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade
das tartarugas mais que as dos mísseis.
Tenho em mim esse atraso de nascença.
Eu fui aparelhado para gostar de passarinhos.
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior que o mundo.
Sou um apanhador de desperdícios:
Amo os restos
como as boas moscas.
Queria que a minha voz tivesse um formato de canto.
Porque eu não sou da informática:
eu sou da invencionática.
Só uso a palavra para compor meus silêncios.

(MANOEL DE BARROS)

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Ensaios de uma escrita

Escrever é como emprestar o corpo ao processo de gestação e tornar-se cúmplice nesta arquitetura de significados e linguagens. Neste movimento de transitoriedade importa escrever com pontos frouxos, com alinhavos, pois, de repente, “chega a roda viva e carrega (...)” a escrita pra lá. Pra lá onde, início, meio e fim se compõem, ora produzindo endurecimentos, ora amaciamentos nas palavras e naquele que as escreve. Escrita que, segundo Machado (2004), “pode transformar a coisa vista ou ouvida em batalhas. Ela transforma-se em um princípio de ação. Em contrapartida, aquele que escreve se transmuta em meio a esse emaranhado”. Tornando necessário escrever de lá onde se dão os acontecimentos, como diria o poeta Manoel de Barros (2010), pois “estou nos acontecimentos como um vendaval: dobrado e recurvo de espanto”.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Vitória/ES

Toda cidade tem seus encantos.
                                                           Vitória por si só é um encanto.
                                           


Não é à toa que és cidade sol com o ceu sempre azul...


 

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Carlos Drummond de Andrade




Nao, meu coração não é maior que o mundo.
Ê muito menor.
Nele não cabem nem as minhas dores.
Por isso gosto tanto de me contar.
Por isso me dispo.
Por isso me grito,
por isso freqüento os jornais, me exponho cruamente nas livrarias:
preciso de todos.
Sim, meu coração é muito pequeno.
Só agora vejo que nele não cabem os homens.
Os homens estão cá fora, estão na rua.
A rua é enorme. Maior, muito maior do que eu esperava.
Mas também a rua não cabe todos os homens.
A rua é menor que o mundo.
O mundo é grande.
Tu sabes como é grande o mundo.
Conheces os navios que levam petróleo e livros, carne e algodão.
Viste as diferentes cores dos homens.
as diferentes dores dos homens.
sabes como é difícil sofrer tudo isso, amontoar tudo isso
num só peito de homem... sem que elo estale.
Fecha os olhos e esquece.
Escuta a água nos vidros,
tão calma. Não anuncia nada.
Entretanto escorre nas mãos,
tão calma! vai’ inundando tudo...
Renascerão as cidades submersas?
Os homens submersos —— voltarão?
Meu coração não sabe.
Estúpido, ridículo e frágil é meu coração.
Só agora descubro
como é triste ignorar certas coisas.
(Na solidão de invidíduo
desaprendi a linguagem
com que homens se comunicam.)
Outrora escutei os anjos,
as sonatas, os poemas, as confissões patéticas.
Nunca escutei voz de gente.
Em verdade sou muito pobre.
Outrora viajei
países imaginários, fáceis de habitar.
ilhas sem problemas, não obstante exaustivas e convocando ao suicídio
Meus amigos foram às ilhas.
Ilhas perdem o homem.
Entretanto alguns se salvaram e
trouxeram a notícia
de que o mundo, o grande mundo está crescendo todos os dias,
entre o fogo e o amor.
Então, meu coração também pode crescer.
Entre o amor e o fogo,
entre a vida e o fogo,
meu coração cresce dez metros e explode.
— Ó vida futura! nós te criaremos

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

SILENCIO

Água que escoa em dia de enxurrada
Casa sem risos de criança
Moveis arrumados e sem poeira
Rua sem gente
Corpo curvado de sentir
Desejo de silêncio
Passarinhos presos
Alegria sem som
Saudade de amanhã
Moro na casa ao lado
E não te vejo
Moro na casa ao lado
E voce não me vê

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Novos amigos

Tenho andado por ai com Manoel e Carlos
até na aula eles me acompanham
De Manoel tenho ciúmes e com Carlos cumplicidades
Relação dupla e prazerosa
Em pequenas doses usufluo um pouquinho de cada um
Sem forma e ordem a seguir
Eles conseguem me dividir e me somar
Busco oxigênio
na Poesia do Drumond e de Barros
sim na poesia do Carlos e do Manoel
amigos de ontem e de hoje
que redescobri em tempos assim