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Vitória, ES, Brazil
Alguém que busca poesia no entre da vida.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Na dureza da vida da menina havia poesia

É bem provável que a menina que vivia embalada pelas cantigas das cirandas de roda, pique esconde, bolinha de gude, queimada, pipas e tantas outras brincadeiras não parasse pra pensar na vida de adulto.
Só vivia, e sequer sentia a dureza da estrada, das encruzilhadas que a vida haveria de lhe apresentar
Das frestas na parede da casa suspensa por pedras que os amigos chamavam de arca de Noé quando a maré enchia podia sentir o vento e os cheiros mesmo durante a noite tranquila.
E do entre as madeiras do assoalho admirava, nestes dias, os pequenos peixes que vinham e formavam alí diante de seu olhar apertado um aquário particular.
E por horas esta menina ficava tentando caputurar os pequenos seres, convidando-os a com ela morar.
Seu quintal nos meses de março se tornava uma grande lagoa e as pedras uma após outra era o único acesso de entrada da casa.
Eram as águas de março fechando o verão com promessas de vida ao seu coração
Até capinar quintal alagado era engraçado
No calor a fio, o agrado era um picolé
Março trazia madrugadas onde a menina dormia em pé esperando que a aguá desistisse de sua casa, de seu sono, de sua cama e pelas frestas do assoalho por onde entrou retornasse deixando o cansaço
De dia limpar pra de madrugada a água da maré sujar
Dias e dias assim, limpar pra depois sujar
O quintal além de capim também convidava a diversão
Num velho barco feito de 'capu' de fusca 69 velejar
Entoando cantarolas lá ia a menina a remar
Pois é, a história da vida da menina contada assim pode até parecer um tormento sem fim
Mas, aos distraídos aviso a vida fazia-se potente e feliz
E a poesia morava no jeito simples de criança que só queria viver
Menina que fazia viver
Ah! menina
Me conta hoje seu caminhar?

Um comentário:

  1. Ah essas meninas... acho que mesmo hoje: continuam sendo meninas.
    Tenho cá pra mim.
    Vida rola feito poesia,
    nos cantinhos de alegria e brincar.
    Deixar a vida falar e veremos: ela também é sempre menina.

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